25 de dezembro de 2009

Trocando de pele

Pele doente, demente, fraca
Pele sem alma, sem calma, na palma
Da minha mão,
Que já não existe mais.

Tão inconstante, mutante.
Pele
Sem alma,
Sem rumo.
Sentido?
Nenhum.

Pele inflamada, queimada pela inconstância
Pela dor, pelo amor
Pela falta da presença.
Falta vazia,
Falta que me mata.

Nada leva a falta embora,
Nem as lágrimas, nem a dor, nem as lembranças.
Falta que tem de encontrar outro lar.
Falta que me faz tropeçar e amargar.

A luz que me deixa cega
Faz meus joelhos se dobrarem.
Paralisia.
Posição de humilhação;
Posição de redenção.

Chega de manuais,
De horas marcadas,
De previsibilidade,
De saber.

Não entender.
Viver
A autenticidade que falta.
Viver
A liberdade dada.

Falta, falta, falta.
Pele, pele, pele.
Troca a pele.
Falta some.
Não falta.
Não pele.
Trocando de pele.

Poesia em 5 min (qualquer um é capaz de escrever)

Desde que um sapo entrou em minha vida meu arrebol mudou de cor. A porta que sempre esteve aberta se fechou e o abismo que era intenso se multiplicou. Meu tênis não pode mais falar e minha canela não para de sangrar como a cachoeira da minha vida que não deixa de jorrar lamentos inquietantes. Porém, um mamão me disse que a discórdia não pode mais andar sem a lua para a iluminar assim como o breu não pode existir sem uma alma para lhe abraçar. O dilúvio é tão triste que traz os mortos à beira-mar e a catedral não mais existe sem um rumo à prosperar. Meu Deus, ainda assim, sofro em permitir que a densidade dos caules, a me rodiar, me sufoquem com seus olhos cor-de-mel me levando a proferir palavras de contentamento ao meu ego inflamável. Então, queime meu instinto protelador ou junte-se ao meu mundo incoerente e sem pudor.

Caroline Botelho e Viviane Botelho

[Porque as férias são feitas de coisas boas e bobas ;)]
"...fique à vontade, tire os sapatos e não pare nas escadas"